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Juíza descarta ser vice em MT e pretende disputar Legislativo para mudar as leis

Habilidosa, Selma Arruda explica que meta será combater a corrupção

A juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Santos Arruda, inverteu os papeis nesta segunda-feira (26) quando passou de juíza à testemunha de defesa do cabo da Polícia Militar, Gerson Corrêa, acusado de operar uma central clandestina de interceptações telefônicas na Polícia Militar de Mato Grosso. Ele responde a um Conselho Especial de Justiça formado por quatro coronéis da Corporação e o juiz da 11ª Vara Criminal Especializada da Justiça Militar, Murilo Moura Mesquita.

Após seu depoimento, Selma Arruda conversou com jornalistas que a aguardavam na saída do Fórum. Ela disse que ainda não se decidiu se irá se filiar a algum partido político, nem qual cargo disputar.

No entanto, ela indicou uma candidatura no Poder Legislativo Federal – Câmara ou Senado – e disse que possui preferência. “Eu sempre falei Legislativo porque você tem oportunidade de mudar a legislação, que é muito falha, protege demais e é muito leniente com a corrupção. Agora se for no legislativo estadual também posso dar minha contribuição. Só executivo que acho que não combina comigo”, disse a juíza ao descartar as informações de bastidores de que ela pode ser a vice na chapa em que o governador Pedro Taques (PSDB) disputará a reeleição.

Na última quinta-feira (22), Selma Arruda entrou com seu pedido de aposentadoria da magistratura. O ato ocorre duas semanas antes do fim do prazo para aqueles que desejam ingressar na política partidária, cujo limite para se filiar em partidos políticos ocorrerá no próximo dia 7 de abril.

A decisão ainda depende do aval do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), o desembargador Rui Ramos. Recentemente ela afirmou que uma eventual candidatura não poderia contar com “aliados” que foram alvo de ações penais sob sua responsabilidade.

Ela reafirmou nesta segunda-feira que esta é uma condição para ingressar na política. “Eu precioso sair do Judiciário e verificar os partidos. Verificando esses partidos, ver se um deles se encaixa efetivamente nessa minha exigência e, se não encaixar, eu vou feliz para casa descansar porque eu mereço”, disse.

Embora oficialmente faça mistério sobre um eventual futuro na política, a magistrada dá sinais de que vem assimilando o jogo partidário numa de suas principais características: a habilidade de sair pela tangente. Questionada sobre os “elogios” que vem recebendo do pré-candidato a presidência, Jair Bolsonaro (PSL), ou mesmo sobre uma avaliação do Governo Pedro Taques, onde ambos vem dando sinais de que querem o apoio da juíza, Selma Arruda apenas disse que não iria falar sobre o assunto. “Estou sendo procurada e estudando ainda. Minha aposentadoria ainda não saiu. Vou decidir a esse respeito acho que só semana que vem, quando a aposentadoria sair. Se sair”, afirmou.

GRAMPOS

Selma Arruda, que autorizou a quebra de sigilos telefônicos a pedidos da Polícia Judiciária Civil (PJC) de pessoas que não eram suspeitas de crimes – na fraude denominada de “barriga de aluguel” -, disse durante seu depoimento que tanto ela quanto o Ministério Público Estadual (MP-MT) foram induzidos ao erro. “Eu e o promotor fomos induzidos ao erro. A minha vara é uma vara que lida todo dia com muita interceptação telefônica. A gente defere acreditando na fé pública que as autoridades tem”, disse a magistrada.

A juíza confirmou que durante as oitivas das ações onde ocorriam a “Barriga de Aluguel”, os áudios captados nas interceptações não tinham “correspondência” com a representação. Ela comentou que encerrou a operação “Querubim” – deflagrada pela PJC em 2015, que investigou um suposto plano para “atentar contra a vida” do governador Pedro Taques e que teria a participação de uma amante do primo do chefe do Executivo, Paulo Taques – , em razão da suspeita da fraude. “Porque os nomes das pessoas não correspondiam aos nomes verdadeiros. Eram nomes diferentes, como se fossem mulheres ligadas ao crime organizado. A gente defere pelo contexto. Na Querubim sim, já havia os nomes delas, que eram pessoas ligadas ao Arcanjo, e que teriam interesse em cometer um atentado contra o governador. Mas nas oitivas, os áudios não tinham correspondência com o que a representação dizia então eu encerrei a operação. Houve um pedido da autoridade policial para quebra do sigilo bancário e eu não autorizei”, justificou.

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