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Maior parte das agressões contra idosos ocorre dentro da família

Promotora e Conselho Municipal do Idoso dizem que Poder Público e empresas fazem sua parte, mas quadro não evoluiu no âmbito familiar

85e924d0c9f64f8a8a3590f4ce255f70_1126As famílias brasileiras ainda precisam aprender a respeitar seus idosos. A avaliação é da promotora Joana Bortoni Ninis, que responde pela promotoria da Cidadania em Rondonópolis. Na semana passada ela e outros promotores do município foram homenageados numa cerimônia do Conselho Municipal do Idoso pelos serviços prestados aos cidadãos que chegaram à terceira idade. Joana conversou com a reportagem do Gazeta MT na oportunidade e, apesar de reconhecer avanços, destacou que muito ainda precisa ser feito pelos idosos no município.

Citando dados dos atendimentos registrados na cidade nos últimos anos, Joana Ninis destaca que a maior parte das agressões cometidas contra idosos partiram de pessoas da própria família. São filhos, netos ou vizinhos que frequentam o círculo íntimo e que, ao invés de proteger, praticam agressões psicológicas e físicas contra os anciões.

“Tivemos um avanço grande no que diz respeito ao tratamento dispensado pelo Poder Público e também pelas empresas. Hoje a família é quem mais desrespeita os direitos dos idosos”, lamenta a promotora.

Joana Ninis lembra que nos últimos anos o Poder Público criou leis e programas que beneficiam diretamente os idosos. Além de incentivos para a aquisição de gás, energia elétrica e da prioridade no atendimento nas redes públicas e privada, ela destaca da implementação da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) – que ofereceu outros mecanismos de amparo à terceira idade. “Na medida do possível o Estado tem feito sua parte, mas no que diz respeito às famílias a situação continua complicada”, afirma.

O descompasso, explica ela, pode ter origem na formação cultural. “Antes se pensava que as agressões contra os idosos no âmbito familiar eram causadas por questões econômicas. Porém, o nível econômico das famílias melhorou. Hoje há mais acesso ao trabalho, renda e moradia; mas esse desenvolvimento não ocorreu nos campos cultural e intelectual. Falta ainda Educação às famílias”, avalia Joana Ninis.

O presidente do Conselho Municipal do Idoso, Lindomar Lemes, concorda com a avaliação. Ele diz que já testemunhou inúmeros casos de idosos maltratados pela própria família e diz que o Conselho tem procurado investir na conscientização como forma de prevenir esses casos.

“Proporcionalmente somos um dos Conselhos que mais divulga o Estatuto do Idoso. Já distribuímos milhares de cópias e continuamos fazendo esse trabalho, na esperança de que as pessoas compreendam que desrespeitar o idoso é crime. A Lei já ampara a terceira idade, mas o ideal é que as pessoas se convençam e passem a agir de forma diferente, até porque um dia todos seremos idosos”, lembra Lindomar.

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