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Morre Alcides Ghiggia, autor do gol do Maracanazo em 1950

Morreu nesta quinta-feira o ex-atacante Alcides Ghiggia. Foi dele o gol da vitória por 2 a 1 do Uruguai sobre o Brasil na Copa do Mundo de 1950, na partida que ficou conhecida como Maracanazo. Ele sofreu um ataque cardíaco e não resistiu. Tinha 88 anos.

Coincidentemente, a morte de Ghiggia ocorre exatamente no 65º aniversário daquela partida, disputada também em um 16 de julho, no Maracanã. O então jogador do Peñarol marcou o gol da virada celeste, aproveitando a famosa falha do goleiro Barbosa.

Quem foi Alcides Ghiggia

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Nascido na capital uruguaia em 22 de dezembro de 1926, Ghiggia começou a carreira de jogador aos 20 anos, no Atlante. No ano seguinte, passou a defender o Sud América, modesto clube de Montevidéu que circulava entre a elite a segunda divisão do futebol no país.

gigiaEm 1948, apenas dois anos antes do Mundial do Brasil, Ghiggia chegou ao Peñarol. O clube foi campeão nacional em 1949 de forma invicta. Além daquele jovem ponta-direita, a equipe tinha o ótimo goleiro Máspoli, o aguerrido centromédio Obdulio Varella e um ataque mortal, com Schiaffino, Míguez e Vidal.

O grande time do Peñarol acabou se tornando a base da seleção uruguaia que viajou para o Brasil em busca do bicampeonato mundial. E Ghiggia, o menos famoso daquela linha de ataque antes da Copa, acabou tornando-se uma das estrelas do time.

O ágil ponta-direita ganhou espaço ao longo da competição. Com a desistência da França, o Uruguai teve apenas a Bolívia como adversária na primeira fase. Na goleada por 8 a 0, o destaque foi Míguez, com três gols; Ghiggia marcou o último, aos 38 do segundo tempo.

Na fase final, o ponta voltou a marcar. Foi dele o gol que abriu o placar contra a Espanha, em duelo que terminou empatado por 2 a 2. Quatro dias depois, contra a Suécia, Ghiggia foi às redes mais uma vez – marcou o primeiro nos 3 a 2 em favor dos sul-americanos.

Quando os uruguaios chegaram à última rodada do quadrangular final, contra o Brasil, no Maracanã, Ghiggia já era um nome conhecido. Afinal, ele era o único jogador uruguaio que havia feito gols em todas as partidas.

Na “decisão” do Mundial, os brasileiros entraram na decisão como franco-favoritos. Com melhor campanha na fase final, a seleção jogava por um empate; uma vantagem que, aliada à euforia da torcida, criava um clima de vitória anunciada que se espalhou por todo o país.

Um clima que contagiou, também, as milhares de pessoas que lotaram o Maracanã. Não há registros precisos do público daquela partida. A Fifa adota 173.850 como número oficial. Mas há quem diga que eram 190, 200 mil pessoas nas arquibancadas.

Uma multidão que fez festa durante 79 minutos de jogo. Um país inteiro que vibrou no gol de Friaça, aos 2 minutos da segunda etapa, e que pouco se preocupou quando, aos 21, Schiaffino faz 1 a 1. Um povo que esperou, segundo após segundo, pelo primeiro título mundial.

Mas, no meio do caminho, havia Ghiggia.

A cena não sai da cabeça dos brasileiros. O ponta recebe a bola pela direita, avança e chuta cruzado, quase sem ângulo. A bola não sai forte, mas quica no gramado e passa entre o goleiro Barbosa e a trave esquerda.

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O gol foi o segundo do Uruguai e selou a derrota por 2 a 1, a maior tragédia do futebol brasileiro em todos os tempos (até o 7 a 1 de 2014…). Foi, também, o quarto de Ghiggia em quatro jogos naquele Mundial. Curiosamente, o ponta jamais voltou a marcar pela equipe celeste. Foram ao todo 12 partidas e aqueles quatro gols, todos marcados na Copa.

Depois de se tornar herói nacional, Ghiggia ainda ficou no Peñarol por três anos. Em 1953, foi contratado pela Roma, onde ficou até 1961. Em 1957, o ponta-direita defendeu também a seleção italiana.

Ghiggia poderia ter disputado outras duas Copas do Mundo. Mas quis o destino que o Mundial de 1950 fosse o único do carrasco brasileiro – em 1954, a Roma não liberou o ponta-direita para jogar pelo Uruguai; quatro anos depois, quando defendia a Itália, ele viu a equipe ficar fora da Copa do Mundo na Suécia.

De volta a Uruguai, Ghiggia ainda defendeu o Danúbio, antes de se aposentar. O herói nacional passou a trabalhar como funcionário de um cassino em Montevidéu ao lado de Obdúlio Varela, companheiro de Peñarol e de seleção uruguaia. Ali, aposentou-se pela segunda vez, garantindo condições financeiras de se manter até o fim da vida.

Em 2009, Ghiggia voltou ao Maracanã para receber a maior homenagem da carreira. O uruguaio foi o centésimo jogador a colocar os pés na Calçada da Fama do estádio que havia calado 59 anos antes.

ESPN

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