Polícia

Morte de criminosos “extingue” assaltos a banco em MT

gangDados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) mostram que neste ano, até o momento, não ocorreu nenhum caso de roubo a banco cometido na forma clássica da modalidade “Novo Cangaço”, em Mato Grosso. A ausência de ocorrências está relacionada à prisão ou morte de integrantes das quadrilhas que lideravam os ataques. Mas para representantes do órgão estadual é, sobretudo, reflexo do trabalho de enfrentamento às investidas dos bandos no Estado.

Em 2014, o Estado sofreu dois ataques na modalidade, segundo o órgão estadual. O mesmo número foi registrado no ano anterior. Já entre 2007 e o ano passado, 65 assaltantes foram presos e 32 morreram. Nesse mesmo período, três policiais perderam a vida e foi recuperado um montante da ordem de R$ 3,4 milhões. Não há registro de civis mortos.

“É obvio que, quando um líder é morto ou preso, há um grau de desarticulação das organizações criminosas. Mas esta não é a nossa estratégia de atuação”, afirma o secretário-adjunto da Sesp, Fábio Galindo. “Há um conjunto de fatores que faz com esse tipo de crime tenha diminuído no Estado, que vão desde a preparação da segurança pública com a integração das instituições e o intercâmbio das informações, ao incremento das ações de inteligência e à articulação com outros Estados, também vítimas desses bandidos”, acrescentou.

Galindo entende que essa queda ocorre por conta de dois fatores. “Primeiro porque Mato Grosso se preparou para enfrentar este tipo de crime e descobriu as suas vulnerabilidades. E, segundo, porque está fazendo o seu dever de casa, que é o de potencializar toda a sua estrutura de inteligência para acompanhar e se antecipar às ações criminosas, chegando ao local antes e tentando fazer as prisões dos bandidos”.

O secretário ressalta ainda o fato de os integrantes dos bandos agirem com extrema violência. “Como há resistência, o Estado naturalmente reage e pode haver algumas baixas. Mas, a prova de que trabalhamos certo é de que houve baixa em confrontos, mas também houve prisões. Ou seja, nós cumprimos a lei aqui”, acredita.

ESTRATÉGIA DO TERROR – De acordo com o comandante do Batalhão de Operações Especiais (Bope), major José Nildo Silva de Oliveira, o “Novo Cangaço” tem como estratégia o uso do terror ou amedrontamento excessivo das vítimas. “Eles sitiam a cidade toda, fazem reféns, disparam aleatoriamente contra viaturas, contra policiais e contra civis, usam o próprio cidadão como escudo e queimam pontes e veículos (para fugir e despistar a polícia)”, disse.

Diante desse cenário, há a reação por parte do Estado. “Se eles atuam com esse ‘modus operandi’, a polícia age se preparando para eventual resposta da agressão à altura. Ocorrendo essa agressão, o Estado reage com poder de fogo. Nós temos uma linha muito clara. Nós respeitamos os direitos humanos, mas damos o privilégio pela vida do policial e do bom cidadão”, afiançou o secretário-adjunto.

Ao lembrar que este tipo de crime não é exclusivo de Mato Grosso, Galindo destaca que os próprios bandidos fazem um trabalho de levantamento das áreas com maior vulnerabilidade e, com isso, incrementam as ações criminosas nos locais mais suscetíveis. “Eles identificam os lugares onde há dinheiro e vulnerabilidade. A partir daí, agem. Então, no passado, eles identificaram vulnerabilidades em Mato Grosso, razão pela qual o número (de crimes) subiu”, observou.

Entretanto, conforme o secretário-adjunto, com o trabalho de inteligência e de acompanhamento, o Estado criou um know-how e um formato próprio de combater as investidas dos criminosos. “O Bope desenvolveu técnicas próprias de enfrentamento do ‘Novo Cangaço’”, afiançou. Entre estas metodologias, está o patrulhamento em ambiente rural, ações de inteligência, interceptação telefônica e uso de policiais infiltrados.

Fonte: Diário de Cuiabá

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