Polícia prende seis que forneciam caminhonetes roubadas a índios em MT
Etnia é suspeita de executar dois jovens em Juína
Quinze ordens judiciais, sendo 6 mandados de prisão preventiva e 9 de busca e apreensão domiciliar, foram cumpridas, pela Polícia Judiciária Civil, na tarde de quarta-feira (16.12), durante a operação “Via Láctea”, deflagrada pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores (Derrfva). A ação resultou na prisão de 4 pessoas acusadas de integrar uma quadrilha especializada em furtos de caminhonetes zero-quilômetro de dentro de concessionárias.
Entre os presos estão, Rhafael Jesus Caldas, 23, Eduardo da Silva Pinheiro, Valmir Souza de Oliveira, e Antonio Aureliano de Oliveira Junior, conhecido como “Junior”. Os acusados, Michael Douglas Gomes de Carvalho, 20, o “Doquina” e Jocimar Junior de Arruda, conhecido como “Táta”, também são apontados como integrantes da quadrilha e continuam sendo procurados pela Polícia.
Identificados nas investigações da Derrfva, os suspeitos tiveram os mandados de prisão preventiva deferidos pela 3ª Vara Criminal de Cuiabá, pelos crimes de furto qualificado, receptação e associação criminosa. Das quatro caminhonetes furtadas da Concessionária Toyota “Via Láctea”, três foram recuperadas e apreendidas em poder dos índios Enawenê, suspeitos de executarem dois jovens que tentaram furar pedágio na BR-174 na última semana.
As investigações iniciaram há cerca de cinco meses, após comunicação do furto de 4 caminhonetes Toyota/Hillux SRV, cabine dupla, ano 2015, zero-quilômetro, ocorridos dentro da Concessionária Toyota “Via Láctea”, na Avenida Fernando Correa da Costa, em Cuiabá.
Durante as diligências, a equipe da Derrfva identificou o envolvimento de dois ex-funcionários da empresa concessionária, sendo um deles Rhafael Jesus Caldas. O outro ex funcionário, Michael Douglas Gomes de Carvalho, 20, ao tomar conhecimento da investigação, pediu repentina demissão e mudou-se para o Estado de Goiás. Ele está com o mandado de prisão em aberto e é procurado pela Polícia Civil de Goiânia.
Segundo o delegado Marcelo Martins Torhacs, Raphael e Michael, trabalhavam na empresa, e foram os responsáveis por facilitar a ação criminosa que culminou na subtração das quatro caminhonetes zero km da concessionária da Toyota.“Michael já havia previamente articulado com os demais suspeitos o crime. Ele separou as chaves das caminhonetes e entregou para Eduardo da Silva Pinheiro, autor do furto”, explicou o delegado.
Com a chave dos veículos, Eduardo ia até a concessionária clandestinamente, se passando por “cliente” ou “instalador de rastreador”, e acessava o pátio interno, onde estava a caminhonete que seria furtada, já previamente indicada por Michael. Enquanto isso, Rhafael fazia a vigilância, sendo responsável por alertar Eduardo e Michael, caso alguém se aproximasse.
Com esse modo de agir, s três envolvidos conseguiram retirar quatro caminhonetes Toyota/Hillux SRV, cabine dupla, ano 2015, da concessionária, em quatro dias distintos. As caminhonetes eram conduzidas até a região do Porto, em Cuiabá, onde eram entregues aos receptadores, conhecidos como “corretores” de veículos da região da “Pedra”, os quais já haviam encomendado os veículos.
Nas investigações, Valmir Souza de Oliveira e seu irmão, Antonio Aureliano de Oliveira Junior, conhecido como “Junior”, foram apontados como os corretores de veículos que encomendaram as caminhonetes , tendo os mandados de prisão cumpridos na operação. O corretor Fernando Soares Mendes, conhecido como “Pisca”, também foi identificado como um dos receptadores das caminhonetes, mas o suspeito foi brutalmente assassinado, por vários disparos de arma de fogo, em Várzea Grande.
Outro suspeito identificado por negociar ilegalmente veículos com a quadrilha, Jocimar Junior de Arruda, conhecido como “Táta”, ainda não foi localizado pela Polícia Civil, e encontra-se foragido.
A investigação da Derrfva aponta que os “corretores” de veículos, após receberem as quatro caminhonetes provenientes dos furtos, realizavam o emplacamento e documentação fraudulentos e os vendiam aos índios da Comunidade Enawenê, situada na região de Juína (735 km a Noroeste).
Os índios adquiriram esses veículos sabendo de sua origem ilícita, e realizavam os pagamentos em dinheiro, sendo fomentadores da atividade ilícita. Segundo levantamentos, é possível que haja vários veículos produtos de crimes no interior da Comunidade Indígena dos Enawenê.
A Polícia Civil não descarta que a quarta e última caminhonete a ser recuperada ainda esteja no interior da grande Comunidade Indígena dos Enawenê, em Juína. Contudo, a diligência no interior da Comunidade depende de autorização da Justiça Federal e deve ser realizada pela Polícia Federal, a qual já foi comunicada dos fatos pela Derrfva.
O delegado, Marcelo Martins Torhacs, ressaltou que não é o primeiro caso em que os índios Enawenê de Juína, figuram como fortes receptadores de veículos, notadamente caminhonetes furtadas na Capital do Estado e outros Municípios.
A concessionária Toyota “Via Láctea” teve papel fundamental no auxílio da investigação, subsidiando com imagens e informações relevantes, bem como com total transparência, demonstrando indignação com a conduta dos ex-empregados.
A investigação foi realizada pelos policiais civis da Derrfva coordenados pelos delegados Marcelo Martins Torhacs e Wagner Bassi Junior, e com assessoramento técnico especializado do Núcleo de Inteligência (NI) da Delegacia Regional de Cuiabá e da Diretoria de Inteligência da Polícia Judiciária Civil.
FolhaMax