Política

Sargento “invade” TJ à noite e copia computador de juiz a mando de colega em MT

Em termo de declaração protocolado no cartório do 4º Ofício e incluído no inquérito policial militar que apura um esquema de interceptações telefônicas ilegais, o coronel e secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Airton Benedito Siqueira Júnior, revelou que foram instaladas escutas ambientais ilegais no gabinete no desembargador Orlando Perri de Almeida. Segundo Siqueira, a ordem para arapongagem partiu do promotor Mauro Zaque, que à época atuava no Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) ao sargento João Ricardo Soler, que lhe contou o caso.

O coronel explicou que à época Orlando investigava cerca de 10 magistrados no conhecido “Escândalo da Maçonaria”. “O próprio sargento Soller contou ao declarante que o promotor Mauro Zaque havia lhe passado uma missão altamente sigilosa. Contou que por ordem de Mauro Zaque se apresentou no gabinete do juiz auxiliar da Corregedoria   Luís Aparecido Bertolucci Júnior, que segundo o sargento Soller, lhe ordenou a colocação de escutas no gabinete de Orlando Perri para que todas conversas fossem gravadas”, detalhou.

Ainda de acordo com o coronel da PM, Soller lhe detalhou que Bertolucci, que hoje atua na Vara de Ação Civil Pública e Ação Popular, detreminou que “invadisse” o gabinete do juiz aposentado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Marcelo Barros, para copiar os arquivos do seu computador pessoal. “O sargento Soller preparou todo material necessário  para cumprimento da missão e comunicou ao senhor Carlos, assessor do juiz Bertolucci, e este lhe deu cobertura para entrar e sair do tribunal de Justiça fora do expediente”, cita.

Siqueira acrescenta que Soller explicou que o próprio Bertolucci lhe explicou onde era o gabinete de Marcelo Barros e também qual computador deveria ter os dados copiados ilegalmente. “O sargento disse que o trabalho foi realizado e que todo material do computador foi entregue ao juiz Luís Aparecido Bertolucci”, comenta.

Siqueira ainda apontou que Soller chegou a ir nos apartamentos de Mauro Zaque e Orlando Perri para tratar do assunto. “É possível que outros técnicos que atuavam no Gaeco aquela época tenham realizado outros serviços. O assunto chegou a ser comentado  entre os colegas de trabalho, mas não posso afirmar se tiveram ou não alguma participação ativa nos fatos”, diz, ao citar o analista Erichi Raphael Masson.

Em sua declaração, Siqueira explica que tomou a decisão de revelar os fatos “para preservar a segurança dele e sua família e ainda documentar fatos ocorridos”. Ele denunciou que em 2007, quando atuava como coordenador do sentor de Tecnologia da Informação, foi chamado pela procuradora Eliane Maranhão Ayres para ser indicado para participar de uma investigação que Orlando Perri fazia sobre magistrados suspeitos de desvio de conduta em Mato Grosso. “A procuradora me informou que nesta missão eu responderia exclusivamente a ela e ao desembargador Orlando Perri devendo manter sigilo dos trabalhos até mesmo aos demais componentes do grupo”, afirma.

Segundo Siqueira, Orlando Perri lhe passou uma ordem judicial de próprio punho quebrando os sigilos telefônicos a época do então desembargador José Ferreira Leite e também dos juízes Marcelo Barros, Antônio Horácio, Irênio Lima Fernandes e Marco Aurélio Ferreira. Segundo o coronel, as escutas sobre os magistrados descobriram apenas questões desvinculadas as investigações que culminaram com a aposentadoria de todos sob a suspeita de desvios de recursos financeiros do Judiciário através de uma loja macônica.

GRAMPOS

O esquema de grampos ilegais em Mato Grosso foi revelado em maio pelo Fantástico (Rede Globo) com bas eem denúncia feita pelos promotores e ex-secretários de Segurança Pública, Mauro Zaque e Fábio Galindo. No mesmo mês, o juiz Marcos Faleiros decretou a prisão preventiva do ex-comandante geral da PM, Zaqueu Barbosa, e o cabo Gerson Luiz Correia Júnior.

Já no dia , o desembargador Orlando Peri determinou as prisões do secretário afastado da Casa Militar, Evandro Lesco; o adjunto, Ronelson Barros, e o tenente-coronel Januário Batista.Também foi detido o  cabo Euclides luiz Torezan.

O ex-corregedor-geral da PM, coronel Alexandre Corrêa Mendes, e ex- diretor de Inteligência da PM, coronel Victor Paulo Fortes Pereira, chegaram a serem presos administrativamente por supostamente vazar dados de prisões.

No entanto, eles foram soltos quatro dias após por decisão judicial. O IPM deve ser concluído ainda neste mês

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