De ‘gata borralheira’ a Cinderela, Miss MT se prepara para o Miss Brasil 2014

Aos 20 anos, a mato-grossense Jessica Ferreira Rodrigues pode dizer que tem vivido uma experiência semelhante a um conto de fadas. Do tempo em que fazia faxina e cuidava de crianças para sobreviver e ajudar a família no interior do estado restam apenas as lembranças. Agora, o foco de Jessica são as passarelas, depois que foi eleita a mais bela mato-grossense de 2014 no concurso Miss Mato Grosso e que a credenciou para disputar o Miss Brasil. No entanto, ela ressalta que os rumos que a vida dela tomou nas últimas semanas não são suficientes para fazê-la esquecer o aprendizado que lhe foi imposto desde criança.

“Eu não tenho vergonha nenhuma em dizer que já fui babá e fiz faxinas. Quando o trabalho é digno, é motivo de orgulho”, disse Jessica, a Miss Mato Grosso 2014, em entrevista ao G1. A jovem disputou o título estadual pelo município de Juara, distante 690 km de Cuiabá, mas é natural de Rondonópolis, a 218 km da capital, mesma cidade de Jakelyne de Oliveira, a mato-grossense escolhida a Miss Brasil 2013.

“Eu admiro muito a Jakelyne, porque sei por tudo o que ela já passou também. Nos conhecemos desde adolescentes, já desfilamos juntas em Rondonópolis. É uma das pessoas em que eu me espelho”, conta Jessica. A ex-operadora de caixa relata que foi convidada a participar do concurso estadual pelo coordenador do evento municipal, Edson Pérsio. “Ele me conheceu no mercado onde trabalhava e achou que eu tinha chances. A princípio eu não queria. Eu fui para Juara com a intenção de nunca mais desfilar. Mas ele insistiu e eu acabei aceitando”, relembra. Ela é solteira, mora com uma prima em Juara e pretende fazer faculdade de Direito. “Eu sei que ser modelo é uma fase. Penso em prestar concurso para ser juíza ou delegada”.

Jéssica tem 1,79 m de altura, pesa 54 kg e começou a trabalhar como modelo aos 16 anos de idade. Entretanto, ela conta que após uma experiência ruim em São Paulo, acabou desistindo da profissão. “Eu passei por dificuldades financeiras mesmo e acabei desanimando. Mas agora estou feliz e vou dar o meu melhor para representar muito bem Mato Grosso no Miss Brasil”, garantiu.

A preparação para concorrer ao título nacional inclui cuidados com a alimentação, academia e fonoaudióloga. “Eu sempre fui magra, mas agora cortei o refrigerante e estou evitando os carboidratos. Atualmente eu malho duas horas todos os dias da semana, mas já fiz jiu-jtsu quando era mais nova. Sempre gostei de atividades físicas. Também assisto a vários vídeos de concursos, inclusive os de Miss Universo, para me aprimorar e aprender cada vez mais”, destacou Jessica.

A miss revela que a única cirurgia plástica que fez foi a de silicone nos seios. Para concorrer ao concurso nacional ela deverá fazer tratamento dentário e realizar aplique no cabelo. “Eu me considero uma mulher bonita, porque acho muito importante o amor próprio. Estou animada, mas eu sou muito pé no chão, vou me esforçar e dar o meu melhor, e deixar o resultado nas mãos de Deus ”, enfatizou.

Entre suas atividades de lazer preferidas estão dançar, ir ao salão e ir a fazendas. Quanto à preferência culinária, ela disse que a comida caseira é a que mais lhe agrada e que adora pratos como caldo de mocotó e dobradinha. “Nunca fui de comer besteiras, lanches gordurosos. Nem de chocolate eu gosto muito, como mais quando malho muito, aí parece que vem uma vontade mais forte”, brincou ela.

Jéssica conta que perdeu o pai quando tinha apenas 4 anos de idade, mas que sua mãe, o irmão gêmeo e a irmã mais velha a apoiam e a incentivam. “Minha mãe no começo estava preocupada, até porque já passei por fases difíceis como modelo. Mas agora ela viu que eu estou tendo apoio. Ela é uma guerreira, trabalha hoje como garçonete, e teve que nos criar sozinha, fazendo o papel de mãe e pai. Todas as vezes que eu desanimo ou fico triste, é nela que eu penso. Quero tentar retribuir o que ela fez por mim e meus irmãos”, disse, emocionada. Para ela, o importante para se tornar uma Miss Brasil é ter força de vontade e ser humilde. “Não podemos deixar a fama subir à cabeça”.

G1 MT