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Atleta de Mato Grosso vai para a seleção brasileira

Foto: Wagner Carmo/Exemplus/COBApós uma acirrada disputa, a atleta de Mato Grosso Nerisnelia Sousa, 14 anos, conseguiu o segundo lugar na prova dos 75 metros rasos dos Jogos Escolares da Juventude – etapa de 12 a 14 anos – e garantiu a vaga para o sul-americano, em dezembro. Chovia, ventava no momento da prova. Foi difícil para a atleta de Sorriso, mas mais uma vez ela superou as dificuldades e conquistou um lugar no pódio.

Muitas pessoas podem dizer que realmente se conheceram no esporte, mas poucas poderão afirmar que aprenderam o próprio nome por meio dele. Este é o caso de Nerisnelia, que começou a correr em um festival, em 2013. Até aquele momento, ela e sua família a chamavam de Neurisnelia.

Quando foi emitir o documento oficial para participar do campeonato brasileiro de 2014, o técnico da garota descobriu que o seu nome não tinha a letra U. Com um sorriso tímido, a menina fica encabulada de contar a história. “Não acredito que ele contou isso?! Pois é, eu assinava meu próprio nome errado, nem tinha um RG. Mas agora isso é passado”.

Nerisnelia, ou Neris, como é chamada pelos amigos, nasceu no Maranhão e veio com a mãe e as sete irmãs para Mato Grosso há alguns anos. Mas as mudanças mesmo aconteceram depois que ela conheceu o esporte. Por conta do atletismo, deixou a família e passou a viver em Sorriso, em um alojamento junto com outras duas garotas. Além do espaço, elas dividem uma rotina de treinos matinais e noturnos no Centro Municipal de Educação Básica Sorriso (Cmeb).

“Minha mãe teve que se mudar, mas eu não queria parar de correr, então o professor ofereceu essa oportunidade para a gente”. A parte mais difícil em ser uma jovem atleta é ficar longe da família, desabafa. “Eu choro às vezes, sinto muita falta delas, mas não posso parar. Minha irmã mais velha me incentiva muito e uma das mais novas já quer começar a correr, tenho que ser um exemplo”.

Para se manter, ela recebe uma bolsa do Estado, mas já vislumbra um futuro melhor. “Daqui uns cinco anos quero ir para um clube maior, melhorar ainda mais e chegar às Olimpíadas, mas primeiro tenho a prova de hoje”.

E que prova. Minutos antes de partir para a pista de corrida, Neris acariciava uma bíblia, presente de uma tia. A disputa dos 75 metros rasos feminino foi uma das mais acirradas do dia. Com uma chuva fina e muito vento, as meninas dividiram cabeça-a-cabeça até a reta final. Os árbitros precisaram analisar as imagens capturadas no instante da chegada para poder confirmar a classificação.

Neris sabia que não havia vencido, que tinha largado mal, mas cultivava a esperança de ter ficado com um segundo lugar, o que lhe garantiria a vaga na seleção brasileira e a participação no sul-americano, no Paraguai. Dez minutos se passaram do final da competição até que os locutores começaram a divulgar os nomes e o resultado da prova. Com os punhos cerrados a menina aguentou firme até que seu nome fosse divulgado como o segundo melhor tempo. E com um pulo e um grito, deixou escapar: “Isso! Vou pro sul-americano!”.

GD

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