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José Riva nega ser líder de desvio e diz que deputados receberam propina

Ex-deputado confessou ter recebido R$ 806 mil de desvios da ALMT.
Deputados diz que não participaram de esquema criminoso.

IMG_4181O ex-deputado José Riva voltou a dizer, em depoimento prestado nessa quinta-feira (23) à Justiça, que participou de um esquema de desvio de dinheiro na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e que teria recebido pelo menos R$ 806 mil em dinheiro. Apontado como líder do grupo que teria desviado mais de R$ 9 milhões do legislativo, ele alegou que foi convidado a participar do esquema.

Riva disse que quer contribuir com a Justiça e que tem muita mentira no processo. Ele apresentou papéis com informações de que os deputados Romoaldo Júnior (PMDB), Mauro Savi (PR), Gilmar Fabris (PSD) e Guilherme Maluf (PSDB), atual presidente da ALMT, além da ex-deputada Luciane Bezerra (PSB), teria recebido dinheiro do esquema. Eles negam a acusação.

A ação do ex-deputado, que exerceu também o cargo de presidente da ALMT, tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá. “Eu não participei. Eu não fui lá e falei pra passar pra X, pra mandar pra Y. Não fui eu. Recebi um telefonema do então presidente, pedindo que eu recebesse o assessor dele. Recebi e estava esse assessor para comunicar que havia feito um acerto lá embaixo e que eu ia ser informado das condições do acerto”, declarou.

Riva também citou os montantes supostamente recebidos. “Deputado Romoaldo Júnior: R$ 1,109 milhão, eu fechei com esse valor. Os valores que eu identifiquei. Deputada Luciane Bezerra, R$ 50 mil; deputado Guilherme Maluf, R$ 50 mil, deputado Mauro Savi R$ 916,5 mil; deputado Gilmar Fabris, R$ 95 mil”, disse.

A titular da Vara, Selma Rosane Arruda, perguntou a Riva como ele poderia provar que os valores citados por ele foram entregues a cada deputado. “Pela letra do assessor do deputado”, afirmou Riva.

Riva respondeu que os assessores parlamentares passavam contas particulares nas quais eram depositados cheques. Depois, o dinheiro era sacado e a propina, distribuída. Ele falou também que foram repassados vários cheques de R$ 50 mil e outros com valores mais altos que ainda precisam ser investigados.

Uma possível reunião com o delator do processo, Joaquim Mieli, foi confirmada. Riva foi questionado ainda sobre como teve acesso a informações e a uma fatia grande de dinheiro, sendo que ele não estava mais na Mesa Diretora da casa. “Porque ele foi na casa dos outros deputados e não atenderem ele. E o meu gabinete era uma porta aberta, a senhora pode perguntar pra qualquer um lá. Todo mundo que chegava lá eu atendia”, respondeu o ex-deputado.

A operação Ventríloquo começou em julho do ano passado. As investigações apuram o desvio de R$ 9,4 milhões que seria para pagar uma dívida com um banco referente ao seguro de vida dos servidores. Na denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado, a ALMT teria pago pelo menos R$ 5 milhões a mais que o valor real negociado com o banco.

Riva nega ser o mentor do grupo criminoso, mas é apontado como o líder do esquema. Ele disse que vai contribuir com a Justiça com mais informações e isso pode atenuar a pena dele em caso de condenação.

“Eu não estou fazendo uma delação, estou fazendo uma confissão. E quando eu faço uma confissão eu tenho o compromisso de saber a verdade. A verdade está aí. É isso que vocês ouviram. Eu não posso omitir e não adianta eu querer vir aqui colaborar e dar informação errada”, disse o ex-deputado.

Outro lado
Por meio da assessoria, Guilherme Maluf disse que soube das declarações pela imprensa  e que já determinou que sua assessoria jurídica acesso os autos da investigação para diante do conteúdo das falas, se posicionar e tomar as providências cabíveis, e que desde já se coloca à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento.

O deputado Romoaldo Júnior não retornou as ligações, enquanto Gilmar Fabris disse que não iria comentar o assunto. A assessoria de Mauro Savi informou que vai se pronunciar depois que tiver acesso ao inteiro teor do depoimento.

Já a ex-deputada Luciane Bezerra disse que repudia de forma veemente as declarações de Riva. Declarou que nunca soube, durante o mandato dela, de nenhum acordo com a Mesa Diretora e que tomou conhecimento do assunto quando o mesmo foi noticiado pela imprensa.

G1-MT

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