Silval alerta que Nadaf e Cursi compraram ouro falso e pede inquérito para detalhar dívida política com Piran
O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) é o segundo a depor nesta quinta-feira na ação penal referente a quarta fase da “Operação Sodoma”. Ele é apontado como o líder da organização criminosa que desviou R$ 15 milhões dos cofres públicos através da desapropriação do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
Silval deve confessar as fraudes denunciadas pelo Ministério Público. O ex-governador ainda deve revelar os beneficiários da propina. Segundo a denúncia, ele teria recebido R$ 10 milhões para pagar uma dívida com factoring.
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17H07 – O ex-governador diz que imagina que Valdir Piran sabia que o dinheio viabilizado para pagar a dívida de R$ 10 milhões tinha origem ilícita, mas não pode afimar. Volta a dizer que nunca falou com o empresário Filinto Müller e que tratou de forma individual com os ex-secretários Arnaldo e Marcel sobre o assunto. “Eu não falei que ao Marcel que era uma dívida com o Piran, mas a propina seria para quitar uma dívida política”, assinala, ao revelar que não ofereceu nenhuma propina ao ex-secretário de Fazenda. Termina o depoimento de Silval após cerca de 1h30min.
16H58 – Questionado pelo advogado Saulo Gayhva, que atua na defesa do ex-secretário Arnaldo, se teria fechado um acordo de delação premiada nas esferas estadual e federal, Silval nega textualmente. “Não tenho acordo firmado e estou aqui na condição de réu confesso”.
16H52 – Começam as perguntas dos advogados dos réus. O advogado de Justino comenta que Silval teria afirmado que Justino comprou ouro falso e o ex-governador esclarece: “Eu não disse isso, mas afirmo que não existe ouro nesse preço que o Justino disse ter adquirido e, se existir, foi falso”, assevera, ao acrescentar que não estava acusando Justino, mas só comentando um assunto por ter conhecimento de causa.
16H45 – O ex-governador diz que só efetuou o pagamento da desapropriação porque haveria retorno de propina para quitar a dívida. Cita que o dono da área não foi forçado a fazer o acordo e fez “porque quis”. Ele revela que se reuniu com o empresário Alan Malouf e disse que iria pagá-lo a dívida da festa de posse. “O Alan sabia que licitamente não tinha como pagar a dívida. Daí falei ao Pedro para arrumar uma forma de pagar. Daí, o Pedro se interessou e pagou. Até onde sei, toda dívida foi quitada com propina”, frisa. Silval diz não saber se Nadaf ocultava dinheiro arecadado de propinas no Paiaguás com Malouf. “Só sei que os dois são amigos. Também diz não saber da compra de ouro feita por Justino para Marcel e Nadaf. Silval explica que conhece garimpeiros e Justino, mesmo sendo presidente da Metamat. não conseguiria comprar ouro com deságio de 30%. Diz também desconhecer as ameaças de Sílvio a Nadaf dentro do CCC. “Eu perguntei ao Sílvio e ele me disse que não no CCC. Também acho que ele não fez isso porque é um homem muito humano. Aliás, nos últimos meses, Sílivo estava em depressão e não conversava mais com ninguém”, frisa.
16H37 – Silval explica que recebeu de fato uma cobrança de Piran no palácio Paiaguás. No entanto, nega que o empresário o tenha ameaçado fisicamente dando-lhe uma cadeirada conforme revelado por Pedro Nadaf. “Tlaves por não ter tomado seu remédio, o Piran estava realmente nervoso e chegou querendo receber. Daí, eu falei a ele: desse jeito que você está não vamos conversar. Ele. então, saiu. Ele nunca me agrediu e essa história de cadeirada é sensacionalismo. Quem tratava com o Piran era o Nadaf. Após esse dia, nunca mais estive com Nadaf”, detalha.
16H35 – O ex-governador confessa que disse para os ex-secretários Marcel e Arnaldo que haveria o pagamento de propina na desapropriação da área. Ele detakha que a dívida com Piran já tinha quatro anos de atraso e que as notas promissórias eram resgatadas conforme o pagamento com o desvio do Jardim Liberdade. “O Nadaf recolhia essas notas promissórias. Nunca me explicaram o envolvimento do Filinto”, frisa.
16H30 – Reafirma que a função de Sílvio se limitou a despachar com ele o processo. Silval pede um inquérito específico a juíza para detalhar por que contraiu a dívida com o empresário Valdir Piran para quitar problemas financeiros da campanha de 2010.””Era um compromisso que eu tinha, ao longo da campanha, de compromisso de governo, que foi feito antes e durante a campanha. E eu queria pedir para a senhora levantar isso num inquérito próprio. Não me recordo do valor da dívida, não quero falar pra não correr o risco de errar. Eu prefiro, se a senhora me permitir, falar nesse processo a parte”, fala.
16H20 – Silval explica que não houve superfaturmento da área e que o empresário aceitou receber R$ 31 milhões porque já brigava judicialmente há mais de 10 anos. Comenta que a dívida com o empresário Alan Malouf era a festa de posse em 2011 e que foi contraída pelo ex-secretário Éder Moraes. Silval diz que tomou conhecimento que Nadaf ganhou entre R$ 500 mil e R$ 600 mil no desvio, sendo que autorizou o repasse para outros ex-secretários. “Eu só determinei o pagamento que fossem pagos os R$ 10 milhões para Piran”, afirma. Silval acrescenta que Malouf tinha conhecimento que seu pagamento era com dinheiro ilegal. Já em relação a Piran, diz desconhecer detalhes sobre as conversas com o empresário. “Eu pensava que o dinheiro do Piran seria pago diretamente pelo Nadaf. Mas ele colocou o Filinto na história e eu não sei até hoje por que. Hoje, não sei se Piran sabia ou não que o pagamento da dívida dele com ele foi com dinheiro ilegal”, frisa.
16H16 – O ex-governador comenta que sofria pressão e extorsão do jornalista Antônio Carlos Millas, que chegou a receber R$ 800 mil para não revelar outros esquemas. Questionado pela juíza sobre quais seriam os integrantes do seu grupo político que fizeram com que ele contraísse a dívida com Piran, o ex-governador evitou detalhar o assunto citando a existência de um outro inquérito para tratar do assunto. “Foram compromissos da campanha de 2010, mas isso vou falar noutra investigação”, frisa ele que foi reeleito na chapa em que o senador Blairo Maggi (PP), foi vitorioso.
16H13 – Em relação a participação do ex-presidente da Metamat, João Justino Paes de Barros, no esquema comprando ouro para Marcel e Nadaf, o ex-governador foi categórico, insinuando a existência de uma mentira por parte de outros réus no processo. “Não conheço nada neste processo relacionado ao Justino. Mas uma coisa é certa: não se compra ouro no Norte do Estado com deságio de 30% e, se fizeram isso realmente, compraram ouro falso”, diz o ex-governador, que alegou ter experiência na área mineral. Justino, um dos delatores da Operação Sodoma 4, disse que utilizava um avião fretado da empresa aérea “Abelha” para ir até Peixoto de Azevedo (672 km ao Norte de Cuiabá) comprar barras de ouro para Nadaf e Cursi. O dinheiro utilizado na compra foi obtido por meio da propina recebida no esquema de desapropriação.
16H08 – O ex-governador revela que vários empresários procuravam o Governo para receber dívidas e era feita proposta de retorno pelo grupo. “Se o empresa´rio não aceitasse a proposta, nos iriamos recorrer e o empresa´rio não receberia tão rápido”, explica. A juíza pergunta a Silval sobre a proposta feita pelo ex-secretário Marcel ao dono da área cobrando retorno de R$ 15 milhões. “Se o Silval encurralou o Antônio, não é do meu conhecimento e não dei ordem para o Marcel tratar com o Antônio”, dispara. O ex-governador também afirma que desconhece a simulação de contratos entre empresas e diz que tomou conhecimento após ler o processo.
16H03 – Silval isenta o ex-chefe de gabinete, Sílvio Correa, de participação no esquema. “O Sílvio despachou o processo comigo numa questão de praxe. Ele só soube do retorno quando estávamos presos”, diz. Comenta que despachou apenas uma vez sobre o assunto com o ex-presidente do Intermat, Afonso Dalberto, e nega que o tenha chamado de “cagão” por temer assinar a desaproproiação. “Quem me conhece, sabe que esta palavra não é do meu vocabulário”, salienta. Ele isenta também o ex-secretário de Planejamento de participação nas fraudes e diz que deu a ordem para se viabilizar orçamento para desapropriação. “Eu tratei disso só com Nadaf, Chico e Marcel”, disse. Comenta que um dia no CCC questionou Nadaf se ele faria delação e disse que os dois poderiam caminhar juntos sem ameaça. “A minha relação com o Pedro até mesmo no CCC era de confiança”, frisa.
15H59 – Segundo o ex-governador, além dos R$ 10 milhões, R$ 200 mil foram repassados ao jornalista Antônio Carlos Millas e outros R$ 200 mil ao empresário Alan Malouf para o pagamento da festa de posse de Silval no ano de 2011. “Quem me disse isso foi o Nadaf e eu confio na nesta fala dele”, frisa, ao dizer que somente tem conhecimento destes pagamentos. Detalha que os pagamentos foram feitos através de parcelas junto ao Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso).
15H55 – Silval detalha que o ex-secretário de Planejamento, Arnaldo Alves de Souza Neto, resolveu a questão orçamentária e o ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, efetuou o pagamento da “dívida do grupo político”. Silva explica que Nadaf lhe disse à época que o retorno seria maior do que a dívida de R$ 10 milhões com Piran. “Eu disse a ele que o que eles tirassem acima do que devia ao Piran seria deles desde que o Estado não pagasse mais nada”, confessa. Silval diz não conhecer o empresário Filinto Müller, apontado como empresa´rio que intermediou o pagamento de Piran. “Não sei porque o Nadaf enaminhou esse pagamento na empresa do Filinto para depois pagar o Piran até porque o Nadaf poderia ter efetuado o pagamento diretamente ao Piran que trabalha com fomento. Fiquei chateado porque o Nadaf envolveu mais uma pessoa e até hoje não sei porque isso foi feito assim”, esclarece.
15H50 – O ex-governador comenta que recebeu a informação de Nadaf e Lima que se houvesse o pagamento da área o grupo receberia o retorno de R$ 10 milhões para pagar Piran. “Daí, eu pedi ao Arnaldo para fazer o Orçamento, já que iria resolver um problema político com retorno de dinheiro. Daí, Pedro e Chico trataram com o proprietário”, diz ao afirmar que desconhece o empresário Antônio Rodrigues Carvalho, dono da área, mas conhecia o advogado Levi Machado por ser membro da executiva estadual do PMDB. Silval esclarece que nunca falou com Levi sobre o assunto.
15H42 – Começa o depoimento de Silval Barbosa. Ele explica que o esquema na desapropriação do Jardim Liberdade iniciou com uma conversa com ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf. Ele conta que esse era o caminho para saldar uma dívida de R$ 10 milhões com o empresário Valdir Piran feita pelo grupo político. “O Nadaf me sugeriu esse processo. O Chico Lima também tinha conversado comigo e me disse que tudo estava adiantado”, assinala.
Fonte: Folhamax